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cafezin e um livro | livros, café e teologia

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    Aprender sobre ISBD é bem divertido, finalmente pudemos entrar na parte mais prática da Biblioteconomia e aqui já podemos deslumbrar alguns passos da jornada do bibliotecário. A ISBD é uma norma importantíssima para o serviço de representação. 

    Em 1969, Michael Gorman, especialista em catalogação, apresenta na reunião internacional de especialistas em Catalogação, realizada em Copenhague, o documento básico denominado Internacional Standard Bibliographic Description (ISBD) que viria padronizar as informações contidas na descrição Bibliográfica. 

    A ISBD é uma norma criada para padronizar a descrição bibliográfica de documentos. Antes de sua existência, as descrições eram feitas com base nos elementos da página de rosto, que variavam muito de um documento para outro, tornando difícil a padronização.

    Para resolver essa questão, a IFLA (Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias), em parceria com a UNESCO, realizou um estudo sobre como as bibliotecas nacionais faziam suas descrições bibliográficas. Gorman conduziu esse estudo e apresentou os resultados aos especialistas em catalogação. Ele identificou padrões e similaridades nas descrições existentes e, em 1971, propôs o agrupamento das informações em oito áreas descritivas.

    Em 2009, foi criada a Área Zero, e em 2011 a ISBD Consolidada foi publicada, unificando todas as versões anteriores do ISBD.

    Cada área da ISBD é destinada a uma parte específica do item bibliográfico:

    • Área 0 – Forma do conteúdo e tipo de meio: indica o que é o documento (por exemplo, texto, imagem, som etc.).
    • Área 1 – Título e responsabilidade: inclui o título principal, títulos paralelos e informações de responsabilidade (autores, editores etc.).
    • Área 2 – Edição: registra a edição e indicações de edições paralelas (utilizada a partir da 2ª edição).
    • Área 3 – Material ou tipo de recurso específico: destinada a materiais como partituras, mapas e publicações em série.
    • Área 4 – Publicação, produção e distribuição: traz informações sobre a editora, cidade, estado e ano de publicação.
    • Área 5 – Descrição física: detalha o número de páginas, ilustrações e o tamanho em centímetros.
    • Área 6 – Série e coleção: indica a qual série ou coleção o item pertence.
    • Área 7 – Notas: apresenta informações adicionais relevantes sobre o documento.
    • Área 8 – Identificadores: inclui números de identificação, como o ISBN (no caso de livros).

    Cada área tem sua própria fonte de informação. Por exemplo, os dados da Área 1 são retirados da folha de rosto do documento.

    Bem, enquanto estávamos focados na ISBD, tudo parecia tranquilo. Por ser um modelo de descrição — base para a elaboração das fichas catalográficas —, nosso foco era realizar os exercícios propostos pelo professor.

    Até a primeira prova, passamos um bom tempo apenas praticando descrições. E foi realmente divertido, porque usávamos nossos próprios livros para desenvolver as atividades. Fiz, inclusive, alguns exercícios de preenchimento on-line que me ajudaram bastante a entender e lembrar o que deveria constar em cada área, além de como aplicar corretamente as pontuações.

    O objetivo da ISBD é justamente esse: garantir que, mesmo que você esteja em contato com um item em outro idioma, consiga compreender sua estrutura. Através da pontuação padronizada, é possível identificar o que é o título, o autor, a edição e outras informações essenciais — independentemente da língua em que o documento foi publicado.

    Nota-se, também, que a pontuação prescrita na ISBD funciona como um código linguístico, interpretável em si mesmo. Ao visualizar a Figura 02 e, embora não dominando o idioma japonês, pode-se identificar pela posição e pontuação, alguns dados bibliográficos. (José Fernando Modesto da Silva, 2016, p.154) 

    Bem, depois disso tudo, entraremos nos códigos de catalogação e nos modelos conceituais, aí sim, como dizemos no bom carioquês: a parada começa ficar sinixxxtra! 

    Bora para revisão?

    Pra treinar um pouquinho do que aprendi com esse conteúdo montei alguns exercícios que você pode realizar na página pra aprender direitinho: aquele sobre ISBD. 

    Isso é tudo pessoal! ✌🏾️

    ____

    📚 Fontes e leituras complementares:

    MODESTO, Fernando. A ISBD: um instrumento de representação descritiva em evolução. Tópicos para o ensino de biblioteconomia: volume I. São Paulo: ECA-USP, 2016. p. 190 . Disponível em: https://www.eca.usp.br/acervo/producao-academica/002749752.pdf. Acesso em: 18 set. 2025. 

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    Um livro muito popular sobre catalogação dentro da área da Biblioteconomia é “Não brigue com a catalogação”, da Eliane Mey. No 2º período da graduação em Biblioteconomia na UFF, temos a disciplina Instrumentos de Representação Descritiva (IRDI), lecionada pelo professor Vinícius Tolentino (UniRio) e pela tutora Patrícia Gross. Sempre que um deles citava esse livro, eu pensava:

    — “Gente, por que eu brigaria com a catalogação?”
    (hahaha… eu realmente não imaginava o que estava por vir!)

    Toda a turma estava cheia de expectativas, já que essa é uma das matérias em que começamos a ver a Biblioteconomia mais na prática. Nela, aprendemos sobre catalogação, os objetivos do catálogo e um pouco do histórico dessa prática.

    Um dos primeiros registros de catalogação vem dos Pinakes (tábuas), um catálogo elaborado por Calímaco, no século III a.C., considerado um dos primeiros instrumentos de representação da informação. Esse catálogo listava autores em ordem alfabética e trazia breves biografias sobre cada um.

    Durante a Idade Média, as bibliotecas estavam ligadas às ordens religiosas. Cada mosteiro mantinha seu próprio sistema de organização. Nessa época, os códices — manuscritos escritos em blocos de madeira (daí o termo latino codex, “livro” ou “bloco de madeira”) — substituíram os antigos pergaminhos.

    Do século XV ao XVIII, com o advento da imprensa, a catalogação avançou muito. Surgiram exemplos como o catálogo de Amplonius Ratink, elaborado em 1410 e 1412 em Burca, e a bibliografia de Johan Tritheim, organizada de forma cronológica.

    No século XVI, o bibliógrafo Konrad Gessner produziu uma obra fundamental, e em 1595 o livreiro inglês Andrew Maunsell organizou seu catálogo com base nos sobrenomes dos autores.

    A partir do século XIX, surgem os grandes nomes da catalogação moderna.

    • Em 1839, Antonio Panizzi elaborou 91 regras para o British Museum, que até hoje é uma das maiores bibliotecas do mundo. (Panizzi valorizava a folha de rosto. Alguns casos a capa não contemplava todas as informações)
    • Em 1850, Charles Coffin Jewett criou 33 regras de catalogação, com atenção especial a obras sob pseudônimo e autoria coletiva.
    • Já em 1876, Charles Ammi Cutter publicou seu famoso livro de regras, com 369 normas e a formulação dos objetivos do catálogo. (Teórico do século XVIII que entendia que a representação tem que atender a demanda do usuário) 
    • Mais tarde, em 1895, Paul Otlet e Henri La Fontaine fundaram o Instituto Internacional de Bibliografia, hoje conhecido como Federação Internacional de Bibliotecas e Associações de Bibliotecários (IFLA). Foi um passo essencial para o ideal do Controle Bibliográfico Universal (CDU).

    Apesar desses avanços, o Brasil nunca teve um código nacional de catalogação. Um dos primeiros a ser usado por aqui foi o Código da Vaticana, amplamente aceito à época.

    O Código da Vaticana baseou-se no Código da ALA (American Library Association) de 1908. Ele é dividido em quatro partes, abordando regras para entradas e catalogação descritiva, além de regras relativas à redação de cabeçalhos de assunto e arquivamento de fichas, o que o diferenciava de outros códigos. Exerceu grande influência na biblioteconomia brasileira a partir de 1940, sendo adotado por inúmeras bibliotecas. Ele foi traduzido para o português em duas edições, publicadas em 1949 e 1962. (BARBOSA, 1979, p. 40 apud ALBUQUERQUE, 2018, p. 35)

    Em 1969, o AACR (Código de Catalogação Anglo-Americano) foi editado no Brasil, e em 1978 ganhou sua segunda edição, o AACR2, que passou a ser adotado em todas as escolas de Biblioteconomia e ajudou a extinguir a diversidade de códigos de ensino.

    Um catálogo cumpre bem sua função quando apresenta:

    • 01. Integridade: fidelidade e honestidade na representação.
    • 02. Clareza: deve ser compreensível para o usuário.
    • 03. Precisão: cada informação deve responder a um dado específico.
    • 04. Lógica: as informações precisam estar organizadas de forma coerente.
    • 05. Consistência: a mesma solução deve ser usada para informações semelhantes.
    A catalogação precisa relacionar: Objeto → Instituição → Público

    Cada livro pode ter uma representação. A representação leva em consideração o objetivo e o sistema de informação. A catalogação nada mais é que o estudo, a preparação e organização de mensagem codificadas. 

    Entender esse contexto histórico faz a gente pensar em como a organização é importante para melhor aproveitamento da informação. Eu realmente não sabia que tantos processos foram necessários para chegarmos até aqui (e muitas mudanças ainda estão por vir).

    Acompanhe as próximas etapas dessa disciplina que faz a gente ficar doidinho. A próxima parte (e mais legal) será sobre ISBD.

    Beijas,
    e tchau! 

    ____

    📚 Fontes e leituras complementares:

    ℹ️ Parte do conteúdo deste texto foi elaborada a partir de anotações pessoais feitas nas aulas do professor Vinícius Tolentino e da tutora Patrícia Gross, durante a disciplina Instrumentos de Representação Descritiva (IRDI), no curso de Biblioteconomia da UFF.

    ALBUQUERQUE, Maria Elizabeth Baltar Carneiro de. Instrumentos de Representação Descritiva da Informação. Brasília, DF: CAPES: UAB; Rio de Janeiro, RJ: Departamento de Biblioteconomia, FACC/UFRJ, 2018.




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    A presença da paciência sinaliza um coração grato e obediente a Deus e vinculado corretamente ao lugar no qual ele vem nos encontrar todos os dias: o momento presente." 🌱 (Guilherme de Carvalho)

    Essa é parte da introdução feita pelo @guivrc no livro "O lugar da espera na vida cristã" da @vabelmonte. Esse pequeno grande livro é uma bênção para os corações ansiosos e impacientes, isso porque Vanessa, com muita paciência e sabedoria, ensina que a espera é uma oportunidade de conhecermos a Deus e descansarmos em seus propósitos.

    Cada capítulo termina com perguntas para reflexão sobre o tema-chave e, no final, você também encontra um roteiro de estudos, o que o torna ideal para ser lido/estudado em pequenos grupos. ✌🏾

    Pra quem já teve a oportunidade de conhecer a Vanessa pessoalmente, esse livro é como um daqueles seus abraços gostosos e demorados. Somos corrigidos, acolhidos e inspirados a permanecer nessa espera, porque ela vale a pena. 

    Além falar sobre a espera como um processo ativo, Vanessa mostra que a espera é fundamental para a jornada de todo cristão: ‘‘O problema é que os discípulos de Cristo enfrentam é que a pressa não forja uma fé madura, mas cristãos ansiosos, manipuladores e inseguros. ’’ (pág 10)

    01. Esperar é um fim em aberto.

    Esperamos sem saber o que acontecerá, Deus é quem está nos guiando nessa jornada. muitos de nós sofre por querer controlar o futuro, por isso a espera às vezes nos angustia e assusta:

    ‘‘Criamos expectativas concretas do que precisa acontecer em nossas vidas para que elas tenham sentido, para sermos felizes e encontrarmos satisfação. o casamento, os filhos, a carreira, o estilo de vida, certas situações e acontecimentos. esperar é um fim em aberto [...] porque esperar de verdade é abrir mão do controle do nosso futuro e deixar Deus definir nossa vida, confiando que Ele nos molda de acordo com seu amor e não de acordo com o nosso medo." (O lugar da espera na vida cristã — págs. 28 e 29)

    02. A espera não é solitária, esperamos juntos

    Não somos viajantes solitários, estamos com outros peregrinos. Juntos, fortalecemos uns aos outros enquanto esperamos.

    ‘‘A vida em comunhão nos consola e nos fortalece. o abraço amigo, a palavra de orientação e ânimo, a oração conjunta, o desabafo numa conversa, o choro, o cuidado dos outros [...] Não precisamos esconder nosso sofrimento e nossa vulnerabilidade uns dos outros, como se fôssemos fracassados que não alcançaram o que desejavam. [...] Um ajuda o outro a compreender o que está acontecendo em nós, a permanecer fiel a Deus e a confiar em suas promessas. Precisamos aprender a encorajar uns aos outros nos momentos difíceis, quando já esperamos tanto a ponto de esquecer que estamos esperando algo que é digno de toda a espera." (O lugar da espera na vida cristã — págs. 75,76 e 77)

    03. A espera é um processo ativo

    A espera não é um tempo perdido. Quando esperamos, estamos entregando, confiando e nos submetendo a Deus e a Sua vontade. 

    ‘‘A imagem do peregrino que está caminhando em direção a cidade celestial é a mais adequada. Esperar é caminhar; não é ficar parado, sentado à beira do caminho, aguardando algo externo acontecer. Esperar implica uma recusa em fazer o que eu acho que precisa ser feito, com a força do meu próprio braço e do meu entendimento do que é o certo, para dar uma ajuda a Deus, que parece estar demorando demais. Esperar implica obediência à vontade de Deus, mas não é uma obediência cega a um estranho. É uma parceria, um caminhar comum Amigo, um Pai [...] Alguém que anda comigo e me orienta a cada passo." (O lugar da espera na vida cristã — págs. 79 e 80) 

    📖 O lugar da espera na vida cristã 
    ✍ Vanessa Belmonte (@vabelmonte) 
    📇 @thomasnelsonbrasil
    📑 108 páginas

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     "O único lugar fora do céu onde você pode ficar perfeitamente seguro de todos os problemas e perturbações do amor é o inferno." (Os quatro amores, pág. 164)

    Afeição, amizade, eros e caridade: essas são as quatro categorias de amor segundo C.S. Lewis. No livro, ele define e explica como cada um desses amores funciona.

    1️⃣ Afeição: a forma mais humilde de amar. Nesse capítulo, Lewis mostra como a afeição tem seus próprios critérios e como pode ser facilmente distorcida. na pág. 72, ele conta a história da Sra. Fidget, alguém que "vivia para a família", mas que possivelmente por "amar demais", acabou não percebendo que amar também é ensinar aos outros a não necessitarem de nossas dádivas.

    2️⃣ Amizade: considerada a mais rara e a menos ciumenta dos amores. Esse é um dos meus capítulos favoritos! Nele, Lewis discute como uma amizade se forma e cita a morte de charles para explicar que sua partida levou algo único de cada um que só ele podia proporcionar (página 88).

    3️⃣ Eros: o amor apaixonado, que quando não governado pode facilmente se tornar um deus. Nesse capítulo, Lewis fala bastante sobre relacionamentos. Na pág. 142, trás uma explicação profunda sobre efésios 5.25: "o marido é o cabeça da esposa quando ele é para ela o que Cristo é para a igreja".

    4️⃣ Caridade: o maior e o menos egoísta. A caridade é o amor não natural, que vem do próprio Deus. É aquele amor que faz com que amemos os difíceis. "Existe algo em cada um de nós que não pode ser amado de forma natural" (pág. 177). A caridade transforma nossos amores naturais; através dos atritos e frustrações, somos transformados a amar.

    Lewis não é uma leitura fácil, mas vale muito a pena insistir (e ler diversas vezes a mesma página). 😅

    📖 Os quatro amores
    ✍️ C.S. Lewis
    📇 @thomasnelsonbrasil 
    📑 187 páginas
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    O ano é 2025 e ainda tem gente que acha bacana opinar sobre a leitura alheia. 

    Convenhamos que essa atitude, além de ser desagradável, é um tanto quanto desmotivadora. Falo isso, não somente como teóloga e estudante de biblioteconomia, mas principalmente como leitora — e alguém que incentiva leitura — seja aqui, nas redes sociais, ou pessoalmente. Estou sempre tentando incentivar as pessoas a lerem. 

    O Instituto Pró-livro, na pesquisa “Retratos da Leitura”, traz um dado importante: brasileiros têm lido menos (muito menos). A pesquisa de 2024 mostrou que, atualmente, temos mais não leitores¹ do que leitores no Brasil:
    a 6ª edição da Retratos da Leitura no Brasil aponta que 53% dos entrevistados não leram nem mesmo parte de uma obra nos três meses anteriores à pesquisa. É a primeira vez na série histórica que o levantamento conclui que a maioria dos brasileiros não lê livros. ²
    Há muitos fatores que podem estar contribuindo com o desgosto pela leitura. O primeiro — em minha humilde opinião, o mais óbvio — é que passamos muito mais tempo expostos a telas (de nossos smartphones, smart tvs, tablets e computadores) do que aos livros (e/ou leitores digitais como kindle ou kobo). Sabemos que o vício em telas prejudica progressivamente várias funções cognitivas como: atenção, concentração, aprendizagem e memória.

    Os conteúdos rápidos disponíveis nas redes sociais liberam dopamina, atuando diretamente no sistema de recompensa (é como se, toda vez que víssemos algum conteúdo, abaixássemos a alavanca da máquina caça-níquel e ganhássemos o prêmio. Com a recompensa, apostamos de novo e de novo... nosso cérebro se acostuma a pedir mais e mais). 

    ~ Uma vez vi num documentário (talvez o Dilema das Redes? *) que o feed vertical, com sua rolagem infinita, foi inspirado justamente nas alavancas dessas máquinas. Verdade ou não, esse tipo de navegação é uma armadilha e tanto: a rolagem é infinita e nós ficamos infinitamente presos ali. ~

    *Observação: Eu realmente não lembro de onde tirei essa informação. Tomara que não tenham sido as vozes da minha cabeça, risos.

    O brasileiro passa, em média, 56% do seu tempo em frente às telas, cerca de  9 horas por dia.³  

    Nem é preciso dizer muito, sobre como isso é prejudicial. Não é à toa que o termo “brain rot” (ou “cérebro podre”) foi escolhido como palavra do ano (2024), pelo Dicionário Oxford. O termo significa deterioração do estado mental causado por consumo de conteúdo de baixa qualidade na internet.⁴

    Não é “engraçado” pensar que todos esses dispositivos inteligentes deixam a gente cada vez menos smart? 

    O segundo fator, apontado pela própria pesquisa, é: falta de tempo. 33% dos não leitores afirmam que não lêem por falta de tempo — me questiono sobre isso. Claro que todo contexto precisa ser levado em consideração, afinal, nem todo mundo tem as mesmas 24 horas. Mas, será que não conseguimos dedicar, ainda que poucos minutos, à leitura? (não falo de horas, falo de tirarmos entre 20 a 30 minutos, ou uma página por dia).

    Pare rapidinho sua leitura, eu te espero.

    Agora, verifique quanto tempo você passa nas redes sociais. Será que, das possíveis 1 ou 2 horas diárias que você passa em sua rede social favorita, você não poderia tirar alguns minutos para ler? Talvez, se dedicássemos 30 minutos diários à leitura (das 9h divulgadas pela USP), teríamos um número de leitores maior.

    O terceiro motivo, também apontado pela pesquisa: as pessoas não gostam de ler. 32% dos não leitores afirmam que não lêem porque não gostam. Com esse dado aí, a gente junta as mãos e chora. 

    Será que as pessoas não gostam de ler, ou pensam que a leitura é um processo chato, tedioso e enfadonho? Por exemplo: quando alguém lê uma thread no Twitter com 10 partes, essa pessoa está, sim, realizando um movimento de leitura. O mesmo acontece ao assistir a um vídeo no TikTok em que o criador pede para ler a legenda. Até mesmo um Reels legendados exigem leitura. Assistir à série favorita, ao dorama do momento ou jogar um game com legendas, tudo isso são formas de ler.

    Talvez, o que as pessoas não saibam é que: existem vários tipos de livros, leituras e formas de ler. Então, não é que você não goste de ler, é porque você ainda não descobriu que tipo de leitura te faz bem. Mas esse papo específico vai ficar para outro dia, porque o foco aqui é outro: ser sommelier da leitura alheia.

    Nem todo mundo tem literatura básica na escola. Eu, por exemplo, não tive, ou seja, não li os grandes clássicos da literatura brasileira e nem fui incentivada a lê-los — pois é, gente, a educação no Brasil não é padronizada. Mas fico muito feliz quando vejo projetos literários em escolas. O incentivo é tudo!

    Minha vivência nesse sentido foi empobrecida. É realmente uma pena, porque temos autores maravilhosos e obras fantásticas — e sim, eu vou organizar um tempo para lê-los. Mas, ao longo da minha jornada, me debrucei sobre outras literaturas das quais, naquele momento, tinham mais conexão e sentido para mim.

    Ler não precisa ser enfadonho. Sempre digo isso aos amigos cristãos que querem ler a Bíblia: ler a Bíblia não precisa ser chato! Não fui uma leitora voraz na minha adolescência. Na juventude, lia um livro ou outro, mas as coisas começaram a ficar mais frequentes quando comecei a fazer várias leituras da Bíblia durante o ano. Fui aprofundando meus estudos, com isso comecei a comprar livros de apoio, até que entrei na faculdade, me formei e, desde então, todos os meses eu compro livros. Hoje, a leitura faz parte da minha aprendizagem contínua.


    Qual é a minha questão aqui?

    Precisamos encontrar sentido naquilo que lemos. Não estou dizendo sobre entender e interpretar as palavras somente, mas, sobre aquela literatura encontrar sentido na nossa vida, na nossa rotina, no nosso dia a dia, de maneira que o livro seja abraçado por nós e desfrutemos da sua companhia agradável e não de uma companhia enfadonha (afinal, se a gente não suporta nem ficar perto de gente chata, quem dirá de livro chato).

    Acredito que não exista livro que não deva ser lido (no sentido de ser proibido). Tudo deve ser avaliado. Nós, cristãos, avaliamos as coisas pelo olhar de Cristo. Obviamente, eu não recomendaria leituras com conteúdo sexual explícito/implícito (ou algo semelhante), mas posso indicar ótimas ficções cristãs (que são engraçadas, apaixonantes, tristes, motivadoras ou aterrorizantes).

    Entendo que a experiência de leitura é muito pessoal, e às vezes, a pessoa vai querer ler, por exemplo, Café com Deus Pai — e tá tudo bem.

    * Uma observação: como sou teóloga e cristã reformada, vira e mexe aparecem umas ratazanas questionando minha formação e o quanto eu entendo de Bíblia ou teologia. Não estou aqui referenciando Café com Deus Pai como uma grande obra teológica cristã, o meu ponto não é esse, mas sobre incentivo à leitura.

    Nunca li Café com Deus Pai, sei que se trata de um livro devocional (que é fenômeno de vendas, sendo atualmente um dos livros mais vendidos do Brasil). Geralmente eu tenho outras preferências, busco autores que estão mais alinhados a minha confissão de fé, mas talvez, Café com Deus Pai seja a porta de entrada para outros livros. Na situação de leitura atual, é melhor ler ele, do que livro nenhum.

    “Ah, mas é um livro ruim... Existem livros melhores!”
    Concordo, existem livros melhores... Mas a experiência de leitura é individual e multifatorial — com isso quero dizer que, às vezes, o que é bom para mim pode ser ruim para você.

    Talvez, a pessoa comece com Café com Deus Pai, depois leia outro livro e tenha condições de avaliar, dentro daquilo que ela foi adquirindo como repertório, o que é melhor (leitura é construção, ninguém começa por Hamlet). 

    Nós, às vezes com nossas opiniõezinhas, desmotivamos mais do que ajudamos. Ser um incentivador da leitura não é criticar de forma descabida — no sentido da crítica pela crítica — mas apontar um caminho. Ao invés de criticar quem lê Café com Deus Pai, por que não aproveitamos que há interesse por esse tipo de leitura, e recomendamos livros similares? Esses dias, algo parecido aconteceu, indiquei o devocional do Tim Keller para alguém que tinha acabado de concluir a leitura de Café com Deus Pai. 

    Dentro desse assunto (ler ou não ler), ainda tenho muitas observações e ressalvas para fazer (e elas não cabem todas aqui, então não crie opiniões baseadas num só post). Acho importantíssimo respeitar as faixas etárias, alertar quando o livro apresenta temas sensíveis e que podem gerar gatilhos. 

    Mas, o essencial é: não seja fiscal da leitura dos outros  — a não ser que o outro seja alguém sob sua responsabilidade, como seu filho ou filha, aí sim é, não é apenas recomendado, mas obrigatório verificar o que ele anda consumindo. 

    Percebo que, muitas das vezes, usamos das nossas preferências pessoais para sermos intolerantes — e muita das vezes babacas — com os outros. 

    Incentive. Aponte caminhos. E celebre cada início, mesmo que não seja como você imagina. 

    ____

     📚 Fontes e leituras complementares: 

    ** Este texto foi revisado com o apoio do chatgpt, utilizado exclusivamente para correção ortográfica e gramatical, mantendo-se inalterado o estilo e a autoria do conteúdo.

    ¹ A pesquisa entende uma pessoa não leitora como aquela que não leu nenhum livro, ou parte de um livro, nos últimos 3 meses, mesmo que tenha lido nos últimos 12 meses.

    ² G1. O Brasil que lê menos: pesquisa aponta que país perdeu quase 7 milhões de leitores em 4 anos. G1, 19 nov. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2024/11/19/o-brasil-que-le-menos-pesquisa-aponta-que-pais-perdeu-quase-7-milhoes-de-leitores-em-4-anos-veja-raio-x.ghtml. Acesso em: 15 mai. 2025

    ³ USP. Brasileiros passam, em média, 56% do dia em frente às telas. Jornal da USP, 2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/brasileiros-passam-em-media-56-do-dia-em-frente-as-telas-de-smartfones-computadores/. Acesso em: 15 mai. 2025.

    ⁴ ESTADÃO. “Brain rot” é a palavra do ano, segundo o dicionário de Oxford. Estadão – Link, 2024. Disponível em: https://www.estadao.com.br/link/cultura-digital/brain-rot-e-palavra-do-ano-segundo-o-dicionario-de-oxford-entenda-o-que-e-isso-nprei/. Acesso em: 15 mai. 2025.

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    Mariana Canto Uma designer, formada em teologia e que estuda biblioteconomia. Aqui escrevo sobre o que leio e compartilho o que aprendo. Saiba mais +
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